Cronologia de Pierre Bourdieu elaborada
pelos professores Maria Alice Nogueira e Cláudio M. Martins
Nogueira (com a colaboração de Gisele Ferreira da Silva e Vanda Lúcia
Praxedes).
1930 – 1º de agosto – Pierre Félix Bourdieu nasce em Denguin, pequeno vilarejo
da província do Béam, região rural do Sudoeste da França, situado nos Pirineus
e próxima da Espanha, onde a língua nativa era o occitânico. Seu pai, Albert
Bourdieu, originário de uma família de camponeses, havia se tornado, ao redor
dos 30 anos, modesto funcionário público dos Correios, tendo exercido, ao longo
da vida, o ofício de carteiro na região do Béarn. Sua mãe, Noémie Bourdieu,
também proveniente do meio rural, pertencia a uma família de agricultores com
nível social um pouco mais elevado.
1941-1947 – Frequenta o Liceu de Pau (capital do Béarn), onde cursa a primeira
parte do ensino secundário e se distingue nos estudos.
1948-1951 – Recebe uma bolsa de estudos para cursar o ensino médio e, a conselho de
um de seus professores do Liceu de Pau, ingressa no Liceu Louis-le-Grand, em
Paris, reputado por constituir o melhor curso preparatório para o ingresso na
École Normale Supérieure de Paris e por reunir os melhores alunos do país.
1951-1954 – Ingressa na célebre Escola Normal Superior (ENS) da Rue D’Ulm, em
Paris, o mais importante centro de recrutamento e formação da elite intelectual
francesa. Diploma-se, nessa escola, em Filosofia, aos 25 anos. Na mesma época,
realiza estudos de graduação também em Filosofia na Faculdade de Letras de
Paris (Sorbonne), onde defendeu a tese intitulada “Estruturas temporais da vida
afetiva”.
1954 – Obtêm – juntamente com Jacques Derrida e Emmanuel Leroy-Ladurie –
aprovação no concurso de Agrégation (concurso público de admissão ao cargo de
professor de liceu ou de faculdade).
1954-1955 – Passa a lecionar Filosofia no Liceu de Moulins, pequena cidade situada
na região central da França.
1955-1958 – É convocado e presta o serviço militar na Argélia, então colônia
francesa no Norte da África, em plena guerra (1954-1962) por sua independência
da França.
1958-1960 – Leciona na Faculdade de Letras de Argel (capital da Argélia), como
professor assistente. Durante esse período, desenvolve extenso trabalho de
campo que redundou numa etnologia da sociedade cabila (população camponesa
habitante das regiões montanhosas do Norte da Argélia).
1960 – Em função do agravamento do conflito colonial e diante das posições
liberais que assume ante a guerra de independência, Bourdieu é obrigado a
voltar para a França, tornando-se professor assistente na Faculdade de Letras
de Paris (Sorbonne).
[...]
1961-1964 – É nomeado professor e orientador pedagógico da Faculdade de Letras de
Lille (cidade localizada Norte da França). Na Universidade de Lille, ministra,
pela primeira vez, cursos sobre os “pais fundadores” da sociologia (Durkheim,
Weber, Marx), mas também sobre a Antropologia britânica e a Sociologia
norte-americana. Paralelamente, prossegue o trabalho de análise dos dados de
campo coletados durante o período argelino e em suas constantes viagens de
férias à Argélia.
1964 – Passa a lecionar na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS)
de Paris, credenciando-se também como orientador de teses e estudos
científicos. Ao assumir esse posto, aos 34 anos, tornou-se um dos mais jovens
professores dessa instituição. É indicado por Raymond Aron para sucedê-lo
na direção do Centro Europeu de Sociologia. Torna-se diretor da coleção Le
sens commun para a editora parisiense Minuit. Por mais de duas décadas,
Bourdieu dirigiu essa coleção na qual publicou obras clássicas [...], bem como
traduziu e divulgou, na França, grandes autores contemporâneos (entre eles:
Goffman, Bernstein, Labov, Goody, Hoggart). Nessa mesma coleção, publica,
em coautoria com Jean-Claude Passeron, o livro Les Héritiers, sua primeira
grande obra no campo da Educação.
1967 – Funda o Centro de Sociologia da Educação e da Cultura (CSEC) na EHESS.
Nesse centro, Bourdieu congregou e dirigiu, por mais de 30 anos, uma grande
equipe de pesquisadores dedicados à compreensão das relações que se estabelecem
entre o universo da cultura e o campo do poder e das classes sociais.
1970 – Publica, mais uma vez em coautoria com Jean-Claude Passeron, aquele que
se tornaria seu livro mais conhecido no terreno da Educação: La reproduction
[...].
1975 – Com o apoio de Fernand Braudel, então diretor da Maison des Sciences de
l’Homme, cria o periódico Actes de La Recherche em Sciences Sociales (ARSS),
que dirigirá até os momentos finais de sua vida. [...].
1979 – Publica, pela Editora Minuit, o livro La distinction, considerado por
muitos como sua obra magna e que lhe valerá a consagração internacional. [...].
1981 – É eleito professor titular da cátedra de Sociologia do Collège de
France. [...]
1993 – É lançada a primeira edição da coletânea, organizada por Bourdieu, La
misere du Monde, que, apesar de suas mil páginas, teve enorme sucesso de
vendas, e foi adaptada para o vídeo e para o teatro.
1993 – Recebe a Medalha de Ouro CNRS (Centre National de la Recherche
Scientifique), um dos mais importante símbolos de reconhecimento conferidos
pela comunidade científica francesa.
2001 – 28 de março – Dá sua última aula no Collège de France.
2002 – 23 de janeiro – Pierre Bourdieu morre, em Paris, aos 71 anos de idade.
[...].”
(NOGUEIRA, M. A; NOGUEIRA, C. M. M, 2009, p. 103-108).
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